A vida é feita de sopros.

Um fio sutil entre o agora e o nada.

Tão efêmera quanto a última gargalhada de uma criança na praia antes da chuva.

Tudo escapa, mesmo o que parecia sólido como pedra:

as certezas, os hábitos, os valores que um dia juramos inabaláveis.

Há um engano elegante em tentar fixar o que por natureza é mudança.

Mas não é tolice — é humano.

Queremos permanecer, deixar rastro, deixar marca.

Mas o que fica, no fim, é a maneira como tocamos o outro.

Com afeto. Com presença. Com consciência.

A arte de viver talvez seja essa:

rir mesmo no caos,

agradecer mesmo no incerto,

dançar com classe entre as ruínas do controle.

Não há permanência que resista à natureza das coisas.

Mas há presença.

Enquanto o mundo grita com pressa,

aprender a viver em tom menor.

A rir das banalidades,

a sorver a poesia do comum,

a encontrar profundidade nas pequenas frestas do dia.

Sem a pressa disfarçada de produtividade,

nem a urgência travestida de importância.

Prefiro a leveza sustentável da alma,

a elegância que se vê nos gestos lentos,

no cuidado com as palavras,

na consciência de que o agora é o único solo fértil.

Apressar o olhar para dentro, não para fora.

E abandonar, aos poucos, a distração que nos rouba a alma.

Confiar menos nas respostas prontas,

mais no movimento que a vida propõe.

Porque tudo muda.

E nada dura.

Mas no instante em que dura — ama.

Com verdade.

Com identidade.

Com elegância.

Com arte.                         


Eliane Schuchmann sempre gostou das artes: poesia, música, escrita,  gastronomia,  decoração, desenho, criação. É advogada por formação,  empresária-empreendedora, mecenas (apoiadora) das artes, elo entre artistas e empresários.