
Fiz uma pesquisa em minhas redes dias atrás para definir o tema dessa coluna e um dos pedidos foi falar sobre como viver um pós câncer com qualidade de vida e esse tema, de fato, tocou meu coração.
Acompanhei uma grande amiga em seu processo e por várias falamos sobre o poder da autoimagem no processo de recuperação.
Enfrentar um diagnóstico de câncer é uma das experiências mais desafiadoras que alguém pode viver. Entre exames, tratamentos e incertezas, há algo silencioso que também adoece: a autoimagem. A forma como nos enxergamos — no espelho e internamente — pode influenciar, e muito, a forma como o processo de recuperação é atravessado.
Durante o tratamento, é comum que o corpo mude. A queda de cabelo, as cicatrizes, o inchaço ou emagrecimento podem afetar profundamente a autoestima. Mais do que vaidade, isso toca a identidade. Quem sou eu agora? Ainda sou a mesma pessoa? Essas perguntas, muitas vezes não verbalizadas, habitam o coração de quem está em tratamento.
Por isso, resgatar uma autoimagem positiva se torna um pilar de força. Não se trata de negar a dor ou fingir que nada está acontecendo, mas de olhar para si com compaixão e coragem. Cuidar da aparência, adaptar o estilo com lenços, perucas ou maquiagem — quando e se a pessoa quiser — pode ser um gesto de amor-próprio. E isso tem impacto direto no emocional.
Estudos em psico-oncologia mostram que pacientes com melhor percepção de si tendem a responder melhor ao tratamento, com mais aderência médica e menos sintomas depressivos. O corpo fala, mas a mente comanda. Quando o olhar interno é mais acolhedor, o corpo sente. Quando a narrativa muda de “estou acabada” para “estou em transformação”, tudo ao redor também muda.
Além disso, o apoio de profissionais, como psicólogos, terapeutas e consultores de imagem especializados, pode ser um divisor de águas. Eles ajudam a reconstruir não só a imagem externa, mas o sentimento de pertencimento, beleza e valor que muitas vezes se perde temporariamente.
A autoimagem é um reflexo da alma. E cuidar dela durante o câncer não é futilidade — é estratégia de cura. Porque cada vez que uma mulher se olha no espelho e escolhe ver mais que a doença, ela dá um passo a mais na direção da vida.
A recomendação que trago para este tempo é: se ame mais, se aprecie mais, se respeite mais, cuide mais de você e principalmente, seja a protagonista da sua história, e faça dela uma história de superação. Utilize da sua voz para construir a sua realidade, vá para frente do espelho e fale olhando nos seus olhos palavras boas para você. As vezes falamos, as vezes profetizamos (1Coríntios 13:9-12), olhe para si e veja a cura, a beleza, a realeza de uma nova moldura sendo criada e declare que seus olhos verão a parte boa do processo e se permita nele, se redescobrir, se recriar, se reinventar e ainda mais, se amar...
Ana Chiossi é empresária, proprietária da 303 Comunicação e Desenvolvimento Humano, palestrante, escritora, colunista, consultora, mentora, fotógrafa, criadora do Método éRe e fundadora do Clube 303 - clube de desenvolvimento humano e espiritual e Host no 303Cast do Spotify. Apaixonada pela vida, pela comunicação, pelo autoconhecimento e pela essência das pessoas, carrega em seu coração a missão de despertar e comunicar propósitos ao mundo.